Luciano Silva
PROFESSOR



Esta semana já foi instituída em algumas cidades brasileiras como em Araraquara pela Lei municipal nº 9275/18, bem como em Goiânia por meio do PL nº 260/2019 - Lei municipal nº 10.408, de 15 de outubro de 2019 denominada Lei Gregório, em homenagem ao filho de um casal goiano que viveu apenas três dias, e também em Sorocaba pela Lei de nº 12.321 de outubro de 2020.
Em Sorocaba, Juliana e Junior, após perder seu filho Gael em 20 de abril de 2019, decorrente de um deslocamento de placenta prematuro com 39 semanas e 6 dias de gestação, buscaram apoio e acolhimento e não encontraram cidade qualquer trabalho na temática.
Sendo assim, decidiram ressignificar a dor, a vinda de Gael criando o Girassol, para que assim, famílias que passarem pela mesma experiência possam ter acolhimento, apoio e troca de experiências com famílias que perderam seus filhos, além de mediação especializada em luto. Este projeto de lei que tem por objetivo dar visibilidade e auxiliar na sensibilização das perdas gestacionais e neonatais, respeitando à autonomia e dignidade humana, de modo que informar sobre o tema ajuda a oferecer suporte e apoio para todas as pessoas que vivenciaram a perda gestacional.
A escolha da data tem por base o Dia Internacional de Sensibilização à Perda Gestacional e Neonatal, instituído no dia 15 de outubro. É merecida e justa a semana de sensibilização comemoração, uma vez que a perda gestacional e neonatal são fenômenos mais comuns do que se possa imaginar.
Estima-se que a prevalência da perda gestacional varia entre 15% (quinze porcento) a 20% (vinte porcento) das gestações clinicamente diagnosticadas, atingindo até a 30% (trinta porcento) das gestações com diagnóstico bioquímico.
Em nossa cultura não somos ensinados desde criança a lidar com a morte e o luto, ainda mais quando se trata de morte no início da vida, em que somente são esperadas as alegrias e planos para o futuro.
Neste processo de elaboração do luto, uma das principais dificuldades vividas pela família que sofre perda gestacional é o tabu que existe em torno da morte de um bebê. Costuma-se atribuir ao bebê uma importância menor do que aquela que é dada a outras pessoas, só porque sua vida foi mais curta.
A impressão que se tem é que estes pais não recebem da sociedade autorização para vivenciar o seu sofrimento. Tal perda é ainda mais dolorida se pensarmos que a assistência médica prestada no ambiente hospitalar não está preparada para lidar com a complexidade da situação.
É necessário que se promova a humanização nestes atendimentos, pois além da mãe estar passando por toda a transformação física e hormonal do parto e da perda gestacional, em razão da qual é submetida a procedimentos médicos como curetagem e cesárias, essa mulher está passando também pela maior dor de todas, que é a psicológica e emocional.
Tal situação traz reflexos não só a mãe, mas também aos filhos já nascidos, aos pais do bebê, amigos, colegas de trabalho e todos que convivam com a família fragilizada. Sendo assim é necessário que as pessoas estejam preparadas para lidar com o tema, de modo que possam oferecer uma rede de apoio consistente e atuante.
Para isso, precisamos que o tema seja amplamente divulgado e discutido.
Por fim, estando plenamente demonstrada a necessidade e relevância da matéria, conto com os nobres Pares para aprovar o projeto.
Sensibilização à Perda Gestacional, Neonatal
e Infantil, a ser realizada anualmente
A COMUNIDADE AGRADECE!